segunda-feira, 27 de junho de 2011

Metade


Porque metade de mim é cor. E a outra metade, não.
Metade de mim é paixão. A outra metade, razão.
Metade de mim é morango. A outra metade, limão.
Metade de mim é saudade. A outra metade, vontade.
Metade de mim é Cartola. A outra metade, Copolla.
Metade de mim, Bossa Nova. A outra metade, só nova.
Metade de mim quer silêncio. A outra metade, gritar.
Metade de mim só pensa. A outra metade, escreve.
Metade de mim é vírgula. A outra metade, é ponto.
Metade de mim é Nietsche. A outra metade, triste.
Metade de mim é rock. A outra metade, scotch.
Metade de mim, chora. A outra metade, quer.
Metade de mim, desvia. A outra metade, vai.
Metade de mim é arte. A outra metade, faz parte.
Metade de mim é pequena. A outra metade,vulcão.
Metade de mim só quer. A outra metade, consente.
Metade de mim é amor. A outra metade, tesão.
Metade de mim debocha. A outra metade, sorri.
Metade de mim foi embora. A outra metade, não.
Metade de mim é agora. A outra metade, não sei.
O meu equilíbrio é o desequilíbrio.
Porque metade de mim quer viver. E a outra metade, também.

Obra: Desvio para o Vermelho (Cildo Merelles) / créditos: Eduardo Eckenfels 

3 comentários:

  1. Há mais coisas entre o Salic e o Beltrão do que sonha nossa vã...

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  2. Putz tá ligado no Salic assim Beltrix... E de passagem, ADORO Cildo Meireles.

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  3. da parede de casa direto para o blog... ;)

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