quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Ainda é pouco

Eu queria ser um pouquinho mais belo, mais solto e mais inteligente, um pouquinho mais dengoso, mais suave e mais vistoso, um pouquinho mais esperto, mais sagaz, voraz, um pouquinho mais intenso, mais denso e mais legal, um pouquinho mais frio, mais forte, coisa e tal. Eu queria muitas coisas que me transformassem, assim, em mais. E, mesmo querendo, isso ainda é pouco pra mim, pois eu queria também a dose certa do romantismo, a escrita segura do poeta sensível, a devassa idade dos balzaquianos, a maledicência dos malditos, a maturidade dos libertinos, a liberdade dos andarilhos, a brutalidade de uma alma doce, as palavras certas, que só me vêm à noite, e muito mais. Eu queria ser até o caroço. Eu queria ser mais assim, assado, mas fico assim, pela metade, assim desengonçado, lento, assim, assado, sem limites, sem pudor, querendo ser ao contrário, mas só às vezes, um pouquinho menos eu, um pouquinho menos meu, um pouquinho mais banal, um pouquinho, coisa e tal.

Um comentário:

  1. Leozinho, de jaqueta amarelo ovo, você estava "um pouquinho mais dengoso, mais suave e mais vistoso" hehehehe... Beijoletas!

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