quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A insônia e o ano que vem...

É que ontem choveu de novo, encharcou, inundou, tudo voltou. Estava tudo um caos, carros, buzinas, estardalhaços, a cidade parada, e eu também. Meu coração imóvel. E de repente, e meio que sem querer, tudo mudou de novo. Foi quando a noite chegou. E é que quando ela chega, e pra mim é bem tarde, eu abro o meu livro da cabeceira e leio vinte ou trinta páginas, é meio que um ritual, mas ontem eu fui incapaz, estático, só pude me lembrar de ti até mesmo quando fechava os olhos e tentava dormir. Não sei direito ainda o que é e pode até ser que não seja nada, que tenha sido só ontem, mais uma noite densa, sei que tenho trabalhado bastante para logo partir em férias, enfim, me livrar por completo desse ano que vai. Estou ansiosamente à espera do novo que vem. E então veio a insônia, fazia tempos que não aparecia, e na insônia também estava você. E você vinha junto com palavras, com desenhos a base de nanquim, escuros, uma pitadinha de contrariedade, estava meio desfigurada, eu não entendo bem, não te reconhecia, é de se desvendar, sei que era você de alguma forma desmaterializada e acho mesmo que é a espera do que há de vir. Do que está por vir. E que venha. E está perto, próximo, estimo, muito embora não reconheça, já sinto a água salgada do mar tocando os meus pés sujos, os seus lindos, sete pulinhos, e a gente na beira do mar sorrindo, de noite, de dia, comemorando o ano que vem como se fosse o sempre, o ontem, pra sempre, despreocupados, entregues àquilo, entregues ao mar, entregues à vida...

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