segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Lutamos como nunca, perderemos como sempre?

O post de baixo era só um anúncio, uma revelação abrupta e momentânea, inspirada no meu cansaço com o mundo, com as coisas, com a repressão, a opressão e a depressão gerada por ambas e por todas as pessoas de mal. É preciso lutar, é preciso continuar, é preciso esganar as entranhas de quem não quer nos encontrar lá na frente, olhos nos olhos, dente por dente.

O que será da gente, no final da ponte, se não lutarmos?
O que será da gente, no final do túnel, se não gritarmos?
O que será de nós, no final de tudo, se não vencermos?

Meus caros, eu não estou falando de boxe ou de luta livre, longe disso, eu estou falando de ideal. De lutarmos pelos nossos ideais, pelas conquistas, pela marcação de territórios alienígenas, de vencer o lado negro da força, de conquistar posições, essa coisa toda de transcender o lugar comum. É preciso. Ontem, eu vi um filme que fez lembrar-me disso - “Trotsky – A revolução começa na escola” -, é um delicioso programa, bem divertido, coisa e tal, uma dessas novas produções independentes. E como eu ando abobalhado emocionalmente, um ser encharcado de sensibilidade, chorei como de praxe. Mas, dessa vez não foi por algo triste que me lembrei ou por alguma passagem da trama, foi pelas claras cutucadas que o filme me deu - algumas ocultas, outras explícitas -, escancarou-me e jogou-me na cara o fato de que eu preciso sair do meio.

Porque meio é equilíbrio de mais, é vida de menos, meio é sem-vergonha, é meio sem-vergonha.

E não que eu sempre fique no meio, ao contrário, mas é que eu tenho ficado escondido atrás das câmeras. É como se eu estivesse atrás das grades, é a minha zona de conforto de momento. Eu vejo movimentos como a ocupação da reitoria da USP, os protestos nus por todo o leste europeu, wall street, vejo os mais agitados que vão à rua em prol da maconha, da liberdade de expressão, contra a prostituição infantil, contra o racismo, contra os salários indignos dos professores, contra a violência com as mulheres, a liberdade sexual, e por aí vai. Não que eu participaria de todos eles, também não são causas em comum, escolho algumas, mas todas, sobretudo, na toada de que podemos fazer um mundo melhor.

E o mundo, acredito, está bastante esperançoso com essa pontinha de chama que começa a se acender, como bem disse a danada da Mafalda na semana passada.

E seja lá qual for o seu ideal, espalhe a palavra, já que a gíria está na moda, a voz do povo é a voz da ordem. É preciso posição, é preciso afirmação, é preciso usar as armas que não estavam no repertório, é preciso gritar. E gritar é embater. A hora chegou, é preciso lutar sem socos, pontapés ou armas brancas. É preciso lutar com a verdade. Com a sua, com a minha, com a nossa. E eu não estou aqui para falar de política, nem de amor, de nada disso, nem da diferença entre fazer compras no carrefour e na venda do manoel aqui da esquina, entre quem bebe cachaça a quem prefere vodca ou entre quem frequenta o 41 e o Bordello a quem prefere o Tizé e a Nasala.

Quero apenas manifestar-me sobre mais uma dessas descobertas, mesmo que sensivelmente tardia e que, agora, se tornou maior que eu. Eu estava tolo, eu estava no meio, eu estava no armário, atrás das câmeras, meio que preso, aquela coisa toda. E que sejamos então, mais do que nunca, um trator de guerra em plena paz celestial, mas pelo lado oposto de outrora, e que essa seja regionalmente chamada por estação daqui em diante, e que estejamos todos de biquínis e sungas, com pranchas, protetores solares e camisas coloridas, #eutambemsougay, é mais ou menos por aí, mas que saibamos sempre por que, para quem e com quem lutarmos. É preciso saber. Não estou defendendo ou apoiando ninguém em especial, muito menos fazendo juízo, quero apenas colocar em evidência as essências e a originalidade, para não falar coragem, daqueles que têm insistido em transcender a barreira do politicamente correto, do que foi colocado como certo ou aquilo que a tradicional família mineira nos ensinou.

Eu vos admiro, meus caros, sei que é preciso lutar e que é preciso continuar e que, para continuar, não podemos parar. Eles estão aí, estão todos aí, o lado negro da força está. Não podemos morrer na praia, a praça é nossa, a cidade é, o meu futuro é o seu, e o seu é o meu. Então vamos juntos?

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