terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Meia-noite em Paris

Essa semana eu assisti Meia-noite em Paris. Até que enfim, estava muito ansioso. Afinal, o cara vinha de uma magistral sequência com Match Point, Vicky e Whatever Works, adorei todos eles, nem sei como esse sujeito consegue dar canja toda segunda no Café Carlyle, ufa, não vem ao caso porque eu canso só de pensar. Mas Meia-noite, ainda sem saber muito bem o motivo, eu adorei um pouco menos do que o esperado. Não menos que os outros, é verdade, talvez até um pouco mais, pois é lindo, mas eu fiquei com um gostinho de falta. Faltou algo. Viagem gostosa essa que ele nos proporcionou, ácido delirante, acho que o que eu queria mesmo era ser um pouco o Gil, estar no lugar dele à meia-noite em Paris, talvez seja isso. Deve ser.

Sei que, mesmo com tudo, contudo, me marcou especialmente uma das primeiras passagens do filme. O diálogo inicial entre Gil e Hemingway, onde Gil quer insistentemente apresentar o seu romance a Hemingway, e o segundo diz algo mais ou menos parecido com “não queira me mostrar os seus textos antes de publicá-los. Ou eu vou odiá-los, como sempre o faço, ou eu vou ficar com ciúmes. Então não me mostre”. Pirei.

E agora, José? Pergunto. É que eu estava indo bem, empolgado, mas me vem esse danado com essa, uma pedra bem grande no meu caminho, no meu sapato, no meu rascunho e, logo eu, que estava me relevando aos poucos, quase ultrapassando a barreira da burrice, da timidez e da estranhice, me aceitando desse jeito assim tipo escritor, quase lá, sei lá, recuei. É que eu não sou tão seguro assim, na verdade sou bastante influenciável, meio que um picaretinha sem personalidade. Figura instável. Por via das dúvidas, então, o desespero me tomou de assalto, não pensei duas vezes antes de bloquear todas as minhas pastas com senhas alfanuméricas, testadas em softwares extremamente explosivos produzidos pela Al-Qaeda e trancadas com os cadeados do castelo de Greyskull pelo Esqueleto, posso viajar também, me permito, tudo para que ele não ouse sequer chegar perto dos meus textos. Aqui não, meu caro Hemingway. Prefiro ficar na dúvida até que a morte nos encontre ou quem sabe, talvez, até que eu volte à Paris.

3 comentários:

  1. é que a tua escrita me serve, mesmo assim, não como a do woody, não como a do hemingway, mas como a tua, como a nossa, como a que podemos ter. adorei!

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  2. Leo - Meu caro escritor: As estrelas cintilam no mar e a lua, hoje linda e majestosa, nas águas se vai mirar...vamos navegar????

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