terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Porque sorrir não custa nada...

Sorriso bom é o daqueles que não são todos, mas bons o suficiente para serem meus. É o de quem vai ao buteco comigo, e não às compras, é o de quem me aguenta berrar, e berra junto, me aguenta cantar, e canta junto, me observa pular, e pula junto.

Sorriso bom é o que despenca. É o que vem das crianças, o das entranhas, o das lembranças. É o daqueles sensíveis e pacientes, dos menos chatos, das minhas danças. É o dos que te veem sofrendo e chorando aos cantos, mas que depois se lançam, te lançam e te amansam.

Sorriso bom é quando é gratuito, legítimo e sincero, é quando não era para ser e mesmo assim acaba sendo. É quando você dá conta de sorrir e se dá conta de que sorrir faz bem, que ainda é o melhor remédio, e que é bom. É quando a outra parte também sorri sem querer, é quando é flerte sem ser em vão, é quando é conquista sem um senão, é quando é começo, meio e fim, sem direção.

Sorriso bom é sem porém, é para alguém. É o que eu aprendi a receber dos meus melhores, dos meus amigos, dos meus pares, dos meus pais, dos meus senhores, dos meus amores, dos sem favores, é o sorriso oculto das flores. É o da presença, mesmo na ausência, é o sorriso maroto sem muita licença, ou dos palhaços, à sua maneira, ou dos velhinhos, à moda antiga e derradeira.

Sorriso bom é o que conforta, é o que afeta, é o que sabe porque está sorrindo, mas, não sabendo, sorri mesmo assim. É aquele azul da cor do céu, ou do mar, ou com a magia da verdade do marinheiro ao avistar, ou do jangadeiro a navegar, ou do poeta a rascunhar. É o do dever cumprido, o da alma livre, o do seu cupido.

Sorriso bom é escarrado, escancarado, despreocupado. É o da chuva quando molha, é o da terra quando cheira, é o teu quando é pra mim. Enfim. É aquele atravessado na esquina, o da vizinha escondida atrás da janela, o do síndico na escadaria do prédio, o do cãozinho primata selvagem achado ao léu. É um sorriso sem véu, é um sorriso ao léu.

Sorriso bom é aquele hilário que vem de ácido, é o sarcástico que te agita, é o certeiro que hipnotiza, é o direto que te cega, é aquele seco pela metade, é aquele suave sem mediocridade, é o que te desvia e depois corrompe. É aquele que te faz sorrir de volta e, de graça, te faz levitar, voar e sonhar. É despretensioso, tiro certo, difícil de encaixar. É o que faz lembrar-te do terreiro de café da vovó, que vem e passa, como se fosse um trenó.

Sorriso bom é o que te esmaga sem te maltratar, é o que te deixa com a pupila dilatada sem desrespeitar, é o que te deixa com insônia, te desconserta e depois te estraga. Sorriso bom é qualquer um, desde que genuíno, espontâneo e ingênuo, libertino, é aquele difícil de achar, de comprar, de barganhar, e que dure o tempo que precisar. Sorriso bom é o que te faz sentir, reagir, seguir, é o que te faz maior, é o que te faz sem dó, é o que te dá um nó, é o que te faz melhor.

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