Talvez as dicas não tenham lhe bastado. Talvez você não tenha se tocado pela minha escrita. Talvez você não queira, um dia, encontrar-me. Mas sabe que eu não desisto?
Silenciei-me por alguns dias, por alguns meses, anos, não pensando em você, mas em mim, e um pouco em você, ando refletindo se devo avançar o sinal, às vezes, e correr o risco de dar certo, pois não saberia também o que fazer se desse. E é uma hipótese, e tão somente. Ou então, quem sabe, se devo mesmo frear tudo isso de me declarar e esperar, do acaso, um encontro inusitado desses-tipos-de-cinema na esquina da tua casa. Seria bem bonito.
Sabe que esses encontros costumam dar certo? Pois é, quem sabe não é o nosso caso. Nunca tive um, mas sempre carrego comigo essa coisa toda de primeira vez. Carma. Quem sabe. Sei que desde que eu comecei a te enviar essas cartas, algumas anônimas, outras escancaradamente minhas, friccionou-me um motorzinho rabugento que está instalado no mais profundo canto do meu peito dizendo para que eu devesse parar. E parei, então. Mas agora, não aguentando mais, voltei. Estou aqui revelando-me em prantos. Mas carregado de um sorrisinho também. Bem maroto. Outro dia, o meu terapeuta disse que as escolhas do coração devem ser colocadas na frente daquelas mais racionais, caretas e banais. “O diabinho sempre fala mais alto”, foi o que ele disse. Pois é genuíno. É verdadeiro. É umbilical. E é o que eu topei fazer também. E é por isso, então, que decidi expor-lhe mais uma vez a minha vontade em tê-la aqui pertinho um dia.
Não bastasse, não obstante, incessante, tenho brincado também de escrever poesias. Tímidas ainda, eu sei, e não publicáveis também. Lembro bastante, acho que outro dia conversando contigo, estávamos naquele boteco ao lado do teu trabalho, tu revelastes que também brinca de escrever poemas e textinhos de vez em quando. Coisas também não publicáveis. Lembro direitinho das tuas palavras. Sei que, pelo sim, pelo não, você nunca me mostraria. Mas, volta e meia, pego-me fantasiando sobre quem sabe, um dia, inventarmos uma paquera dessas à escrita, à moda antiga, à nossa moda. Só nossa. Adoraria ler as suas, você nem imagina o quanto. Fazem tantas cócegas...
O fato é que desde que te conheci, e desde que comecei a revelar-te o meu desejo, as minhas vontades, as minhas sacanices e esquisitices, e a aparente timidez que carrego também, tenho sido um outro. E melhor, sabia? Nesse meu mundo de invenções, de falas interpretações, ilusões, aparições e um tanto de nãos, mas mágico, acreditando que tudo ainda pode dar certo, só falta você. Só falta você ao meu lado. E tem vaga ainda, ouso lhe dizer, arriscando a minha reputação em demasia. Vem, então, vem logo, vem ser comigo, vem ser com a gente, vem ser pra sempre. Vem?
A imaginação do outro é algo que causa arrepio, por que no final das contas, as pessoas se conectam sem saber, e ficam sem saber.
ResponderExcluirA escrita é algo que ilude, que constrõe uma imagem, que excita, que seduz.
As cartaz lembram romantismo, e espero, com cartas ou não, que isso dure.
Pra todos.