quinta-feira, 3 de maio de 2012

nesta data querida


ontem eu cheguei já tarde da noite de viagem e sequer percebi o que se passava comigo, ao longe pairava a minha alma, e que mais um aniversário estava a caminho. e veio-me, então, quando a madrugada me acolhia em seus ventres frios e frígidos de tão vazios, mas dormi tão distante hablando portunhol no sonho como se em terras chilenitas ainda estivesse, fizeram-me bem, que apaguei como se fosse um anjo, sem lembrar, ou como se um ontem ainda longe desta realidade real em demasia na qual me encontro hoje. distraído que sou, acordei não lembrando-me de nada, do que era hoje, acordei tarde, e como sempre fui meio distraído comigo mesmo não liguei, mas de súbito enquanto saía do banho ainda enrolado na toalha azul marinho ganhada no verão passado e em meio à fumaça de vapor que à minha volta me envolvia como se cortina, lembrei-me desta data simbólica que carrego comigo há muitos anos desde o dia em que eu nasci e desde o fatídico dia, também, em que eu morri pela primeira vez, desastrado que sou. diante do espelho escrevendo palavrinhas cafonas de amor a mim e parabenizando-me em minúsculas, recordei-me também dessa coisa meio altruísta de ser que sem-querer-querendo e me esforçando por demais acabei por sê-lo ao longo da estrada, dessa minha caminhada longa e serena, muito embora tortuosa e dolorosa, mas lembrei-me, também, que de uns tempos para cá eu me mudei um pouco meio que à força, talvez os cabelos envelhecidos ou as vãs tentativas de me transformar num poeta revelem-me isto, e intencionalmente escancarado resolvi egoísta ser, e acabei sendo, ou pelo menos um pouco, aceitei dar-me uma pitada do tanto amor que carrego em minhas veias que ardem e latejam pulsantes em cada movimento insensato de descoberta, transbordei-me em mim nessa coisa incompleta e plena que estou hoje, pois é como eu me sinto, entreguei-me em prantos como se nunca e topei o desafio de encarar essa coisa à toa de tentar seguir, pois tudo segue, e de não ser feliz em vão desejando-me então frenético e controverso, nesta data tão querida e simbólica, um feliz aniversário, mesmo que traduzido por uma escrita vomitada e desenfreada em pequenos minutos de repouso literariamente insano nesta máquina antiga que ganhei da minha falecida tia. mereço-me em mim e mereço, ao longe ou ao fim, os balões que sempre lhes entrego ou os algodões-doces que lhes ofereço em dias como estes, porque o festejo da minha alma não deve ser apenas cultivado e escancarado, posto que desequilibrado e intenso, mas sobretudo não deve-se tardio ou obscuro, jamais, posto que esta danada, esculachada e vadia que costumo chamar por vida uma hora se esvai. tim-tim!, então, pois celebrar é preciso.

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