sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ah, se eu soubesse...


E quando eu comecei tudo isso de ser-me sem sentir-me, sem estar pleno, sem vir-me até mim e tocar as minhas próprias mãos em frente ao espelho do passado, ou os meus pés inchados do tanto andar ao incerto, muito, eu não imaginava que poderia ser mais denso e intenso que antes, que quando eu caminhava a pé em Viena, ou tomava café em Havana, ou jogava-me a quatro mãos de cima do skyline de Nova York com os amigos de outrora, belos que eram, ah, se eu soubesse! ah, se eu soubesse!, se eu soubesse que seria dessa forma ardida, difícil, sem substâncias e inóspita, se eu soubesse que não teria fim, que a curva que me levaria a Moscou tinha desmoronado, ou que o avião que me levaria até Paris não tinha decolado, ou que o trem iria descarrilhar-se antes que eu pudesse chegar perto da minha maior descoberta, eu, talvez tivesse optado, confesso, contudo, por não entregar-me como o fiz na última vez em que nos vimos, ou na primeira, ou em todas elas, não lembro bem, acho que foi no começo, no quase sempre, no quase nada, no quase amor em vão.

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