quarta-feira, 23 de outubro de 2013

amanhã faz um mês que estou viajando...

amanhã faz um mês que estou viajando. saí do Brasil no dia 24 de setembro e já passei por Londres, Paris, Rennes, Amsterdã e agora estou amando a vida em Berlim, ou ao menos me desconectando um pouco dela, porque isso também é amor. viajar sozinho é um tanto quanto maluco. é bom e ruim, é quente e frio, é de tudo um pouco ao mesmo tempo e sempre um dia após o outro. já viajei sozinho antes, mas não com tantos desafios quanto agora. desafios a que me propus, naturalmente, porque seria até relativamente fácil se fosse uma viagem exclusivamente turística dessas onde a gente se vira em redes de fast-food, visita apenas as principais atrações das cidades e se carrega de um monte de compras e fotos para depois mostrar para os amigos.

amanhã faz um mês que estou viajando e, nessa viagem, até pretendo contar algo para os meus amigos. mas, talvez queira escolher algo sobre os cheiros, os sabores, os instantes, o acaso, o inesperado, algo sobre os encontros no meio da rua ou em uma esquina qualquer. porque a gente se vira, se conversa, desconversa e se estrepa. já lavei roupas em algumas línguas, vou tentar cortar cabelo dia desses, já encontrei novos amigos, fiz outros que duraram apenas um dia, descobri amigos de amigos em Amsterdã e até encontrei ex-colega de trabalho nas ruas de Berlim. tem sido tudo lindo e maravilhoso, a não ser a solidão que às vezes me assombra. e é justo ela a que vim enfrentar, tentar me ser um pouco mais, descobrir onde estou ou talvez aonde eu tenha de ir ainda em algum momento dessa caminhada. o livro que estava escrevendo está paralisado, por hora, mas outro novo e mais potente vem que surge e me toma fugaz. e então eu ando, ando, ando. e depois escrevo, escrevo, escrevo. deliro com o inesperado que surge ao redor, choro com histórias tristes e outros momentos integrantes dessa quase história.

amanhã faz um mês que estou viajando e não tenho menor ideia de quanto isso vai durar. ainda estou me procurando nas esquinas, nos gringos que olham torto na rua ou às vezes nem olham, na descoberta sobre como sobreviver em outras línguas e me virar em um inglês pouco prático que tenho desenvolvido. daqui, tenho mais saudades de momentos do que de pessoas. saudades de jogar conversa fora em boteco, de poder desabafar em português, de conseguir escolher precisamente aquilo que se vai comer, de saber mais sobre os caminhos, de coisas como jogar xadrez em tabuleiro ou compartilhar alguns sonhos inalcançáveis. tive saudades estranhas nesta noite, que não caberiam ao texto, e por isso resolvi escrever. daqui, vou indo ao meu encontro, como havia de ser, mas ainda um pouco distante de algo palpável a que possa alcançar. e ei de? sabe-se lá, talvez. sou apenas uma formiguinha no mundo e a gente não devia se dar tanta importância assim. o desapego também é moral.

Um comentário:

  1. Voce escreve bem demais...Tao linda a sua viagem!
    Que privilegio esta viagem....

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